Entrevista com o Fantástico Jaspion


O final dos anos 80 no Brasil não teriam sido os mesmos sem os heróis japoneses que a Manchete exibiu. E se há um personagem que é símbolo dessa época é o Jaspion. Ele foi o responsável por toda a febre que rolou no Brasil e que abriu as portas para Flashman, Changeman, Jiban e tantos outros.Com suas lutas fantásticas, saltos gigantescos, explosões, motos, naves, inimigos monstruosos, tudo isso junto marcou a memória dos fãs que se lembram até hoje das superaventuras do herói.
E estamos falando tudo isso porque apresentamos com exclusividade a primeira entrevista de Seiki Kurosaki ao Brasil. Ele conta como foi interpretar Jaspion, diz o que está fazendo hoje e revela segredos divertidos sobre a série. Vá em frente e saiba mais sobre o ícone de uma geração.
Você entrou muito jovem para o Japan Action Club (mais famoso grupo de dublês do Japão). O que seus pais disseram sobre isso?
A princípio meus pais foram totalmente contra. Mas acabaram aceitando e permitiram que eu entrasse.
O quê o motivou a entrar no JAC e a ser dublê?
Foi após ver a atuação de Sonny Chiba (ou Shinichi Chiba, um dos mais respeitados dublês japoneses e fundador do JAC). Fiquei impressionado e quis me tornar um dublê também. Sem dizer que eu já era um grande fã da bela Etsuko Shiomi, que fazia muitos filmes de ação.
Você já praticava ou treinava para isso? 
Não, de forma alguma. A única coisa que eu costumava praticar era tênis e mergulho submarino, que é minha verdadeira paixão.
 


Quando foi sua estréia?
Como ator foi na primeira série de Tropa das Sombras (Kage no Gundan I, da Toei). Nessa época atuei sob meu nome verdadeiro, Seiki Kurosaki.
Na década de 80, Jaspion abriu as portas no Brasil para diversas séries japonesas e se tornou um grande sucesso. Você sabia disso?
Bem, já ouvi algo sobre isso através de Kazuyoshi Miura, que é um jogador profissional de futebol. Mas isso foi há uns nove anos. Fiquei muito contente com isso, mas confesso que não acreditei muito, até você me confirmar agora.


Você tem contato com outros atores da série, como Junichi Haruta (Mac Garen) e Hiroshi Watari (Boomerman)?
Pra falar a verdade, não. Eu já não os encontro há muito tempo. Mesmo porque me afastei desse meio (TV e teatro).
Como você foi escolhido para atuar em Jaspion? Algum teste? Esperava por isso? 
Shiomi e eu havíamos atuado juntos no teatro, os produtores da série estiveram lá, gostaram de minha atuação e me chamaram em seguida. 
Quais as dificuldades na filmagem de Jaspion?
Foi difícil, mas muito prazeroso fazer Jaspion durante um ano. Começávamos cedo e terminávamos somente à noite. Líamos o texto para o dia seguinte à noite, ou alguns minutos antes de entrar em cena.
Como foi o assédio dos fãs? A série fez muito sucesso?
A popularidade no Japão foi comum, nada de extraordinário.
Nos primeiros episódios, seu cabelo era bem engraçado. Aquele era seu cabelo de verdade? Por que ele foi cortado?
Sim, era meu cabelo mesmo. Eu queria quebrar a velha imagem do programa de herói para crianças. Tinha a intenção de simbolizar a imagem do Tarzã Galáctico, a princípio. O impacto foi muito bom entre os fãs, mas os produtores decidiram cortá-lo.
Você interpretou o Jaspion nos momentos em que ele usava a armadura?
Não, não tinha tempo para fazer isso e o traje nem servia em mim. Ele tinha um tamanho diferente. Três grandes dublês do JAC fizeram o Jaspion por mim: o Takanori Shibahara, Kazuyoshi Yamada e Noriaki Kaneda.
De que material era feita a armadura de Jaspion?
Não sei lhe dizer em detalhes. Metal, plástico, couro, etc. Eram maravilhosamente feitos combinando os materiais por uma companhia chamada Rainbow. Existiam três tipos de armaduras para Jaspion. Era usado adequadamente de acordo com a tomada e a fotografia de cena. Por exemplo, para os closes era usada uma mais reluzente, para cenas de ação 
uma de material mais flexível etc.


No Brasil, vimos você apenas em Bioman e Jaspion. Você trabalhou em outros seriados de heróis?
Quando ainda era um dublê, apareci no seriado Homem-Aranha (versão japonesa) como um monstro e também em Denjiman e Sun Vulcan (seriados estilo sentai de 80 e 81 respectivamente). Depois fiz uma participação especial em Bioman, onde encontrei minha esposa, Asuka Yuko, que interpretava a vilã Fara.
Como eu ficava bastante tempo em Quioto, acabei participando mais de filmes de samurai, yakuza, enfim, produções mais elaboradas para o público adulto.
Porque você deixou o JAC?
Tinha pensamentos diferentes dos do Sr. Shinichi Chiba sobre o trabalho de dublê e o futuro do JAC. No final dos anos 80, não só o JAC mas também o cinema de ação passou por dificuldades financeiras e perderam muito em popularidade. Chiba pediu-me então que fosse fazer espetáculos num parque de diversões perdido no meio das montanhas de Ninjamura. Recusei porque um de meus amigos, Masato Akata, havia se ferido seriamente porque não havia condições adequadas se segurança. Como era empregado e, como acontece em qualquer empresa, me demitiram por isso.(nota: Masato Akata era o dublê que usava o traje de Black Mask, Yellow Lion e Black Turbo. Informações não confirmadas dão conta que ele teria ficado paralitico, mas Kurosaki não comentou com maiores detalhes.)


O quê você fez depois disso?
Me desliguei completamente do mundo artístico. Trabalhei por um ano vendendo motocicletas e com minhas economias comprei uma pequena "lanchonete" onde vendia takayoki (porções recheadas de polvo) no parque de Ueno. Mas não tinha licença de venda e meu dinheiro era extorquido diariamente ou pelos Yakuzas e a máfia local, ou pelos próprios policiais.
Fui levando até que cansei disso, mas tocar um negócio era algo que havia me agradado. O contato humano e coisas assim. Foi quando abri um bar noturno chamado Corvo, no sul de Tóquio. Infelizmente passei por dificuldades quando, em 1995, o Japão enfrentou uma crise financeira. 
Você trabalha atualmente como mergulhador submarino, é isso mesmo?
Sim. Vivo como instrutor e guia de mergulho submarino, juntamente com minha esposa. É o que gosto e o que sempre quis fazer.
Junichi Haruta era o grande vilão em Jaspion. É verdade que ele não usava dublês nem para as cenas com traje?
Sim, é verdade. Ele é mesmo um grande homem, bem corajoso!
Quanto tempo demorava a filmagem de cada episódio?
Cerca de cinco dias de gravação.
Em que você trabalhou após Jaspion?
Atuei em um filme chamado Setouchi Shonen Yakyudan, Saigo no Rakuen (traduzindo: Pequena Liga de Beisebol de Setouchi, Último Paraíso).
O gênero dos Metal Heroes acabou. O que você acha destas séries e das atuais? Hoje os programas são muito simples se comparados aos das séries dos anos 80, não são?
Sim. A tecnologia progrediu muito. Tais séries davam força. Mas as histórias não mudaram, infelizmente.
Você se machucou nas filmagens de Jaspion?
Sim, os piores foram um ferimento na cabeça e um machucado no ombro, entre outros.
Como era seu relacionamento com os demais atores?
Eu tinha boas relações com todo mundo, mas especialmente com Hiroyuki Sanada, Tsuyoshi Ihara e a jovem geração de dublês do meu tempo.
Aconteciam coisas engraçadas durante as filmagens de Jaspion?
Todo dia. filmar era muito prazeroso porque todos tinham um grande senso de humor e ríamos o tempo todo.
O quê a atriz Kiyomi Tsukada (Anri) faz atualmente?
Ouvi dizer que foi morar nos Estados Unidos.
Você tem filhos? 
Infelizmente não.
Você voltaria ao mundo artístico para fazer séries ou filmes de ação?
Não. Encontrei um novo modo de viver que adoro.




Em um episódio em Jaspion você canta uma música acompanhado de Watari (Boomerman) na bateria. Que música era aquela?
Aquela era uma música original minha.
Como você se sentiu no último episódio de Jaspion, ficou triste com o fim da série?
Sem dúvida. Após a transmissão de Jaspion na televisão me senti bastante triste e sozinho.
O especial de cinema de Jaspion não foi apresentado no Brasil. Qual a história deste filme?
É uma compilação especial das melhores cenas da série, e era acompanhada de uma entrevista com Kiyomi, Junichi e eu.
Você conhece algo sobre o Brasil?
Não conheço muito sobre o Brasil, desculpe. Mas é claro, espero poder ir aí algum dia.
Você já recebeu antes mensagens de fãs de fora do Japão?
Sim. Tenho muitos fãs também na França e Ásia.
E qual a sua mensagem aos fãs brasileiros?
Obrigado pelo apoio a mim e ao Jaspion. Agora estou com 39 anos, vivendo em Okinawa, Japão. Sinto muito prazer em estar junto de meus amigos e de ir ao fundo do mar todos os dias. Se algum dia você tiver a oportunidade de vir para Okinawa, por favor, avise-me. Quando eu for ao Brasil, por favor, deixe-me provar todas as deliciosas comidas brasileiras.
Quais são seus planos para o futuro?
Desejo poder realizar o sonho de algumas pessoas quando estamos no fundo do mar, nadando. Lembre-se: viva sempre para fazer seus sonhos tornarem-se reais.

hehehe eu também sou muito fã de Jaspion
Fonte Entrevista - Revista Herói publicação brasileira edição de 08/06/2001 direto do Japão.
Jaspion - Todos os direitos são reservados a Toei Company (1985-2014) 

Muitas outras coisas aconteceram na vida do ator Seiki Kurosaki depois dessa entrevista porém essa matéria foi destaque na época para os fãs de Jaspion no Brasil.

Links - https://www.youtube.com/watch?v=tz_QQoc-pv0 
             https://www.youtube.com/watch?v=eMStR7xpMw0

Comentários